terça-feira, 13 de outubro de 2009

ALMA SOBREVIVENTE NO CONTEXTO CRISTÃO, FILOSÓFICO E XOKLENG

Desde o inicio da humanidade acredita se que existe outra vida após a morte. Que a morte é uma passagem da vida terrena para o outro lado da vida, para o convívio com os deuses. Sobre esta idéia de ‘alma sobrevivente’, interpreto que tudo o que vemos no mundo são imitações das idéias perfeitas do mundo das idéias, que consistem em matrizes de tudo o que existe. Para mim, o que está no mundo é cópia daquele seu modelo. Neste sentido vamos interpretar comigo quem é que está correto sobre esta idéia da alma sobrevivente.
Segundo os cristãos, a alma do homem, após sua morte, vai para um lugar preparado chamada ‘paraíso’, para esperar o dia do juízo final, aonde será julgada conforme suas obras aqui na terra. Assim, uns ganharão galardão e outros a condenação eterna. Quase com a mesma interpretação, os católicos pregam que a alma do homem após sua morte fica num lugar chamada de ‘purgatório’, para se purificar e depois serem perdoados no dia do juízo final, assim uns serões julgados conforme suas obras aqui na terra e assim ganhar seu perdão e outros a condenação eterna.
O filósofo Platão (428 a.C. - 347 a.C), acreditava que as almas migram de um corpo para outro após a morte. Assim, uma alma transmigra para vários corpos antes que o seu ciclo de perfeição chegue ao fim. Mas, conforme a sua situação, ela poderá ter diferentes formas de seres vivos. Para Platão, as almas que tiverem praticado a virtude comum, não filosófica, poderão reencarnar em animais mansos e sociáveis ou em homens honestos e virtuosos. Para ele, as almas que cometeram crimes gravíssimos e irreparáveis a punição é longa. Segundo Platão, por ter praticado a injustiça, será passada pela dor e pelo sofrimento, tanto na terra como no ‘Hades’, que é o lugar para onde irão as almas após a morte.
Com o mesmo ponto de vista dos cristãos e do filósofo, o Xokleng interpreta desde o passado remoto até os dias atuais sobre a alma após a morte na vida terrena. Segundo o depoimento coletado dos anciões Xokleng nos anos oitenta, o Xokleng acredita que existe uma vida após a morte. No ponto de vista Xokleng, o homem é um ser de duas dimensões, composta de corpo e alma. Isto confirma o que Platão afirmava sobre a idéia de duas dimensões humana. De acordo com o informante “kujá” Ulol, havia um lugar preparado para as almas daqueles que se foram desta vida terrena e que neste lugar todas as almas, tanto adultos como crianças, ficam esperando seus entes queridos que um dia vá encontrar. Enquanto esperava seus entes queridos, eles faziam seus afazeres do dia a dia ali. Para o Xokleng, a vida continua no mesmo ritmo depois da morte, significa para eles que é uma passagem da vida terrena para uma vida nova.
Sobre esta idéia de alma sobrevivente, interpreto que independente das etnias e crenças religiosas ou filosóficas, a idéia sobre a ‘alma’ ou vida após a morte, seguem o mesmo raciocínio e com a mesma ideologia, ou seja, cópia do modelo que já está no mundo com interpretações diferentes.

AUTOR: Prof. Nanblá Gakran – (Sociólogo e Lingüista)





AO CONTRÁRIO DAS AFIRMAÇÕES DOS ANTROPÓLOGOS

O povo Laklãnõ (Xokleng) é sobrevivente do grande massacre do inicio do século passado na região do alto vale do Itajaí. Em 1914, obtiveram ‘contato’ com a sociedade não indígena. Contato o qual foi uma decisão do próprio povo, diferente das afirmações dos historiadores, de que o povo foi amansado. Para facilitar a comunicação entre os Laklãnõ (Xokleng), o primeiro chefe do SPI (Serviço de Proteção ao Índio) Eduardo de Lima e Silva Hoerhan, trouxe consigo seis famílias Kaingang do norte do estado do Paraná. Estas famílias Kaingang foram trazidas pelo fato de que a língua ou dialetos dos mesmos era muito parecido, com isso, o povo foi considerado na época como outro grupo Kaingang. Ao passar alguns anos, ficou confirmada que era outro povo com língua e costumes diferentes, mas da mesma família lingüística. Para os pesquisadores das histórias indígenas, afirmo o seguinte: como membro do povo Laklãnõ (Xokleng), desde os meus primeiros momentos de leitura sobre a história do meu povo a qual pertenço sempre me incomodou e me preocupava com o seguinte, citado pelos Antropólogos e Historiadores: “Terra Indígena Ibirama” pertence a três etnia ou a população é composta por três povos como: Guarani, Kaingang e Xokleng”. Como membro do povo Laklãnõ (Xokleng) e defensor da história e principalmente da língua materna, afirmo que isto é ‘inverdade’ dos historiadores. Ao contrário de todas as publicações, afirmo que existem descendentes do povo Kaingang trazidos para esta Terra Indígena em 1914. Isto quer dizer que logos após o contato com os Laklãnõ, houve casamento entre ambos, isso gerou descendentes que atualmente habitam na T.I, e nos anos oitentas também houve casamentos de Laklãnõ (Xokleng) com alguns indivíduos Kaingang homens e mulheres e isto também gerou descendentes. Mas isto não significa que há famílias Kaingang na T.I.Ibirama. Considero família Kaingang, quando os cônjuges são da mesma etnia. Afirmamos que atualmente na T.I. Ibirama há duas etnias, Guarani, Xokleng em sua maioria e alguns indivíduos Kaingang, os mesmos confessam que se sentem Xokleng puro e não mestiços de Kaingang.
Com convicção e sem medo de errar, estou afirmando ao contrário das publicações já vistas sobre o povo Laklãnõ (Xokleng), acredita se que com esta nota sobre o povo, não haverá mais equívoco da parte dos pesquisadores sobre este assunto, que as novas publicações sobre o povo sejam com muita atenção para não haver mais esta inverdade.

AUTOR: Prof. Nanblá Gakran - (Sociólogo e Lingüista)